Durante a Renascença, um novo olhar na expressão artística da pintura viria a mudar para sempre a técnica e as ciênicas: a perspectiva. Antes, as pinturas medievais eram criadas com aquilo que ficou conhecido como "espaço agregado". Não importava a distância ao observador; o tamanho dos objetos retratados variava conforme o grau de importância dada a eles de acordo com a hierarquia social da Idade Média da Europa.
Também era comum durante o medievo, a representação do céu em cor dourada. O céu e a terra eram sempre separados, desconectados, remetendo a existência de um mundo da perfeição e um da corrupção. Essa era a influência da visão aristotélica dicotômica para os movimentos celestes e terrenos, adotada e desenvolvida por toda a Idade Média européia.
Chegada de Cristo a Jerusalém - Pietro Lorenzetti - Céu e Terra estão nitidamente separados.
Também não há uma perspectiva claramente estabelecida. Os personagens e figuras representados
têm suas dimensões definidas por grau de importância, sem relação com sua localização espacial.
Também não há uma perspectiva claramente estabelecida. Os personagens e figuras representados
têm suas dimensões definidas por grau de importância, sem relação com sua localização espacial.
Com o emprego da perspectiva como técnica na arte da pintura, a partir da Renascença, uma nova concepção de espaço surgira. Empregaram o chamado ponto de fuga, uma convergência imaginária para onde rumavam todas as retas paralelas da pintura para ele, do teto e o solo. Engenheiros e técnicos passaram a usar esse artíficio também em seus trabalhos.
Nessa representação do tridimensional no plano, céu e terra se encontravam no infinito, e o espaço já não tinha limites.
Nessa representação do tridimensional no plano, céu e terra se encontravam no infinito, e o espaço já não tinha limites.
A Última Ceia - Leonardo Da Vinci - As retas paralelas do chão, das paredes, da mesa
e do teto se projetam a um ponto imaginário comum. Nesse ponto de confluência não
há separação entre o céu e a terra, que se encontram.
O casamento da virgem - Rafael - O quadriculado no chão reforça a idéia de perspectiva,
um artifício muito usando pelos artistas da renascença. A idéia de espaço infinito fica
denotada na obra, que também não separa elementos do céu e da terra.
e do teto se projetam a um ponto imaginário comum. Nesse ponto de confluência não
há separação entre o céu e a terra, que se encontram.
O casamento da virgem - Rafael - O quadriculado no chão reforça a idéia de perspectiva,
um artifício muito usando pelos artistas da renascença. A idéia de espaço infinito fica
denotada na obra, que também não separa elementos do céu e da terra.
A nova forma de se representar a geometria do espaço nas artes, substituindo a visão particular da Idade Média influenciou, assim, a nova concepção de mundo que a Ciência Moderna viria revelar. Manifestou-se pela unificação do céu e da terra, da mecânica celeste e da mecânica terrestre, iniciada de maneira mais sintética por Galileu e concluída com Newton. A inédita concepção espacial adotada pela ciência não viria, portanto, do interior da filosofia natural, e sim do mundo das artes. A própria mecânica, que então passou a entender que os movimentos celestes e terrestres eram regidos por um mesmo princípio (a gravitação universal) foi herdeira de artistas que souberam conceber e construir um novo espaço.